Investigação sobre afundamento de mina em Maceió contará com trabalho de geólogos do Rio de Janeiro.
- Orlando Gomes Junior
- 4 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
A incerteza sobre o impacto do iminente afundamento de uma mina em Maceió (AL) ganha a cada dia contornos mais dramáticos para moradores das áreas potencialmente impactadas e gera um interesse social, econômico e técnico que já extrapola os limites alagoanos. Na tentativa de compreender as causas e, sobretudo, o comportamento da movimentação de uma montanha de terra e água, geólogos de outros Estados estão desembarcando em Maceió.

Neste domingo (3), um grupo de técnicos ligados ao Departamento de Recursos Minerais (DRM) - órgão do Estado do Rio de Janeiro - desembarcou na capital alagoana. Entre eles, dois gaúchos. A visita sem prazo para fim ocorre a pedido do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, correligionário do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL)
— Ano passado, atuamos na questão de Petrópolis, onde tivemos uma das maiores tragédias urbanas, com 241 mortes. O órgão tem essa especialidade e viemos ajudar — diz o presidente do DRM-RJ, Luiz Claudio Almeida Magalhães.
A empresa Braskem, responsável pela extração de sal-gema que culminou com a instabilidade no solo, afetando cinco bairros de Maceió, vem reiteradamente divulgando relatórios sobre os trabalhos de contenção. Neste sábado (2), a companhia publicou nota reforçando que "das 35 cavidades (que estavam em exploração), nove receberam a recomendação de preenchimento com areia. Destas, cinco tiveram o preenchimento concluído, em outras três os trabalhos estão em andamento e uma já está pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia."
— Precisamos ainda entender qual a ampliação dessas cavidades que foram aparecendo. Ver se o sal que foi explorado extrapola muito a área que foi definida como de risco — avalia o diretor de geologia do Departamento de Recursos Minerais do RJ, geólogo Túlio Márcio.
Moradores resistem em sair
O possível colapso da mina de número 18, às margens da Lagoa Mundaú, resultou no esvaziamento de 14 mil imóveis desde 2018 em cinco bairros: Muntage, Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Cerca de 60 mil pessoas foram obrigadas a abandonar casas e estabelecimentos comerciais. Traduzindo para a realidade gaúcha, seria como se moradores de todo o bairro Sarandi (59 mil pessoas) ou Restinga (51 mil pessoas) fossem deslocados. Mas muitos ainda seguem pelo caminho.
Estou com muito medo. Esse afundamento não tem limite, nem hora para acontecer. Mas meu marido não está querendo sair, diz que quer morrer nessa casa — diz Francisca Pereira, de 77 anos, moradora do bairro Farol desde 1986.
Na tarde deste domingo, a Defesa Civil de Maceió atualizou dados sobre a movimentação do solo. Segundo a nota, o "deslocamento vertical acumulado da mina n° 18 é de 1,70m" e a velocidade de movimentação reduziu para 0,3 cm por hora". A terra afundou 7,4cm em 24h. Mais cedo, o deslocamento era maior, de 0,7cm por hora.








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