Maioria da bancada gaúcha é a favor de desoneração da folha.
- Orlando Gomes Junior
- 14 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Previsto para ser apreciado nesta quinta-feira (14) pelo Congresso Nacional, o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à desoneração da folha de pagamento enfrenta forte resistência na bancada gaúcha. Dos 34 parlamentares - 31 deputados e três senadores -, ao menos 25 pretendem votar pela manutenção do benefício.

Cinco deputados indicaram apoio ao veto presidencial, enquanto três deputadas não responderam, e o senador Paulo Paim (PT) promete definir posição apenas nesta quinta, após reunião com a bancada petista no Senado.
O governo passou a semana tentando adiar a votação, acenando com a promessa de apresentar uma alternativa. No final da tarde desta quarta-feira (13), o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso, disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciaria até o fim do dia uma medida provisória sobre o tema e pediria ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o adiamento da votação.
A intenção do governo é que todos analisem essa medida que está prestes a ser anunciada e o veto sobre a desoneração seja apreciado na semana que vem — explicou Randolfe.
Mais cedo, deputados que trabalham pela derrubada do veto convocaram entrevista coletiva e refutaram a hipótese de adiamento da votação, alegando que o governo demorou demais para apresentar a medida compensatória.
— Estamos discutindo esse projeto desde o primeiro semestre e em momento algum o governo nos procurou para apresentar qualquer alternativa. Não há mais tempo hábil. Estamos abertos para discussão, mas primeiro queremos garantir a desoneração até o fim de 2027 — afirmou a deputada Any Ortiz (Cidadania), relatora do projeto na Câmara e coordenadora da bancada do RS em Brasília.
Concebida para estimular a geração de empregos, a desoneração da folha diminui a tributação sobre setores considerados grandes empregadores: indústria, serviços, transportes e construção. O benefício permite às empresas pagarem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre os salários.
A redução foi implementada em 2012, no governo Dilma Rousseff, e desde então vem sendo renovada pelo Congresso. Lula, porém, vetou a prorrogação até 2027 sob justificativa de que precisa recompor a arrecadação para cumprir as metas fiscais. Além de beneficiar setores econômicos, o projeto vetado também reduz de 20% para 8% a alíquota previdenciária paga por municípios com menos de 142 mil habitantes.
Dentre os parlamentares gaúchos, o contingente que pretende derrubar o veto de Lula vai da base governista à oposição. O principal argumento desse grupo é de que a medida preserva empregos em diferentes segmentos econômicos.
— A melhor forma de combater a pobreza é com a geração de empregos, para isso precisamos aliviar a carga sobre folha de folha de pagamento — ressalta Ronaldo Nogueira (Republicanos).
Já os defensores do veto estão todos concentrados no PT e no PSOL. O grupo coloca em dúvida o montante de empregos supostamente gerados pela desoneração.
— Essa medida foi tomada no passado como política alternativa à geração de emprego, algo que não se comprovou na prática. Além do mais, a desoneração tem impacto em outros setores, aumentando o déficit na previdência, por exemplo – diz Alexandre Lindenmeyer (PT).
O veto de Lula será apreciado em sessão do Congresso Nacional, na qual Câmara e Senado se reúnem conjuntamente. Para derrubá-lo, são necessários ao menos 257 votos de deputados e 41 de senadores.
A desoneração da folha foi aprovada na Câmara em agosto, por 430 votos a 17, e em outubro, no Senado, em votação simbólica.
Como votam os gaúchos
Deputados federais
Pela derrubada do veto
Afonso Hamm (PP)
Afonso Motta (PDT)
Alceu Moreira (MDB)
Any Ortiz (Cidadania)
Bibo Nunes (PL)
Covatti Filho (PP)
Daniel Trzeciak (PSDB)
Franciane Bayer (Republicanos)
Giovani Cherini (PL)
Heitor Schuch (PSB)
Lucas Redecker (PSDB)
Luciano Azevedo (PSD)
Luiz Carlos Busato (União Brasil)
Marcel van Hattem (Novo)
Marcelo Moraes (PL)
Márcio Biolchi (MDB)
Maurício Marcon (Podemos)
Osmar Terra (MDB)
Pedro Westphalen (PP)
Pompeo de Mattos (PDT)
Ronaldo Nogueira (Republicanos)
Ten.Cel. Luciano Zucco (PL)
Ubiratan Sanderson (PL)
Pela manutenção do veto
Alexandre Lindenmeyer (PT)
Bohn Gass (PT)
Fernanda Melchionna (PSOL)
Denise Pessôa (PT)
Dionilso Marcon (PT)
Não responderam
Daiana Santos (PCdoB)
Maria do Rosário (PT)
Reginete Bispo (PT)
Senadores
Pela derrubada do veto
Hamilton Mourão (Republicanos)
Luis Carlos Heinze (PP)
Indefinido
Paulo Paim (PT)








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