Por que fica mais difícil emagrecer à medida em que envelhecemos.
- Orlando Gomes Junior
- 27 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Com o envelhecimento, as mudanças são muitas e perceptíveis não só na aparência — a composição corporal também fica diferente. A alteração na proporção entre músculos e gordura gera um impacto direto: fica bem mais difícil emagrecer, para quem quer ou precisa. Vale também dizer o contrário: se torna mais fácil engordar.
Trata-se de um processo involuntário, salienta a endocrinologista Sylka Rodovalho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia — Regional São Paulo (Sbem-SP). Não é possível contê-lo.
— Criamos muito mais tecido de gordura do que músculos. Há uma desproporção entre células de gordura e células musculares — afirma Sylka.
Músculo é onde se gasta energia, e gordura, onde se retém. Com menos músculos e mais gordura, o armazenamento de energia é facilitado.
— Também ganhamos mais gordura na parede do abdômen. Esse aumento abdominal não é de um tecido de gordura tão saudável, inflama mais, aumenta a incidência de algumas doenças — complementa a médica da Sbem-SP.
Torna-se mais difícil perder peso, mas não impossível, ressalta a endocrinologista Mônica de Aguiar Medeiros, do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
— Às vezes, o paciente já chega derrotado ou desesperado ao consultório — relata Mônica. — Dá para perder peso, mas vai ser um pouco mais lento do que em uma pessoa mais jovem.
A perda progressiva de massa muscular se chama sarcopenia. É um processo que faz parte do envelhecimento, a exemplo de outros, tão característicos, como a queda e a mudança de coloração do cabelo e a perda de elasticidade da pele. Como contraponto a esse fluxo de mudanças que não pode ser totalmente contido ou revertido, a atividade física é a melhor opção.
— O exercício virou um elixir. É o que ainda tem a melhor e maior comprovação de eficácia — diz Sylka, pontuando a importância de se manter uma rotina que as modalidades aeróbicas e também resistidas.
Um plano alimentar para quem passou dos 60 anos deve focar, segundo Mônica, no consumo de proteínas e fibras.
— O idoso, no geral, diminui o consumo de proteína porque ela tem digestão mais lenta, e a mastigação dele já não é adequada. Ocorre um aumento do consumo de carboidrato, e isso já favorece a piora da distribuição de gordura. Também se deve evitar os excessos de gordura e doces — recomenda a médica da Beneficência Portuguesa.
Recomenda-se, ainda, prestar atenção à ingestão de água.
— A sensação de sede pode ser confundida com a de fome — alerta Mônica.
A adequação da alimentação às diferentes faixas etárias deve ser permanente, pontua Sylka, desde sempre. O alimento que o bebê recebe na gestação já é de importância fundamental.
— Não acho que tenha algum segredo na alimentação de que a gente já não tenha falado muito a respeito. Comida balanceada, sem exageros e sem modismos. Se você já tem uma boa alimentação, se ela já vem sendo equilibrada, não precisa fazer grandes mudanças. Um ajuste na ingesta proteica ajuda muito — afirma a médica da Sbem-SP.
Alimente-se bem
Planeje as compras do supermercado. Com organização, fica mais fácil se alimentar de forma saudável
Não troque as refeições principais por lanches
Realize as refeições em ambiente adequado, evitando assistir TV ou usar o celular enquanto come
Priorize alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes e grãos
Fuja dos produtos ultraprocessados: embutidos, hambúrguer, macarrão instantâneo, sopas prontas, salgadinhos de pacote, bolachas e etc
Prefira cereais integrais
Use óleo, gordura, sal e açúcar com moderação
Não exagere nos temperos industrializados. Troque por opções naturais, entre elas, alho, cebola, salsa, manjericão e coentro
Não descuide da hidratação. Tome água mesmo que não sinta sede
Evite bebidas adoçadas (refrigerante, suco de caixinha, suco em pó)
Fonte: Ministério da Saúde








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